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Reforma Tributária no Mercado Imobiliário: veja o que vai mudar

Mercado imobiliário

Com a aprovação do Projeto de Lei Complementar (PLP) 68/24 pela Câmara dos Deputados, a Reforma Tributária segue avançando no Brasil. 

O texto, que ainda aguarda sanção presidencial, traz mudanças importantes que impactam diversos setores, incluindo o mercado imobiliário

A regulamentação detalha novos regimes tributários, ajustes em alíquotas e mecanismos de arrecadação que afetam desde operações de compra e venda até os serviços relacionados ao setor.

Entre as alterações, destacam-se a criação do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), que substituirão tributações tradicionais como ICMS, ISS e PIS/Cofins. 

Neste guia, explicaremos como essas implicações da Reforma Tributária vão impactar o setor imobiliário. Continue lendo para saber mais!

 

Como a venda de imóveis será afetada pela Reforma?

A Reforma Tributária promete mudanças expressivas no mercado imobiliário, especialmente em relação à tributação de vendas de imóveis. 

As novas regras impactarão tanto empresários do setor, quanto investidores, exigindo atenção redobrada para estratégias de negócio e precificação.

 

Aumento da carga tributária nas transações

Atualmente, a taxação sobre o lucro da venda de imóveis gira em torno de 8%.

Além disso, há o Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), que pode variar conforme a região — 3% em São Paulo e no Rio de Janeiro, por exemplo. 

Porém, com a nova regulamentação, o setor enfrentará um aumento significativo.

Com as mudanças propostas, o mercado imobiliário contará com um desconto de 40% sobre o Imposto sobre Valor Adicionado (IVA), resultando em uma alíquota efetiva de aproximadamente 15,9% sobre o lucro de imóveis novos. 

Quando somada ao ITBI, a carga tributária final poderá chegar a 18,9%. Esse aumento representa um desafio para o setor, que já considera a estrutura tributária atual onerosa.

 

O papel do IVA no mercado imobiliário

Uma das principais novidades da reforma é a criação do IVA, detalhado no portal da Receita Federal, que substituirá tributos como ICMS, ISS, PIS, Cofins e IPI. 

Esse imposto visa simplificar a arrecadação e tornar o sistema mais eficiente. 

No entanto, a alíquota do IVA, limitada a 26,5%, gera preocupação no mercado, sendo considerada elevada quando comparada a práticas internacionais.

Além disso, a reforma incorpora a ideia de tributação progressiva, buscando distribuir de forma mais justa a carga tributária. 

Assim, contribuintes com maior capacidade financeira pagarão proporcionalmente mais impostos.

 

Regras para aplicação do IVA sobre transações com imóveis

A reforma especifica os critérios para uma pessoa física ser considerada contribuinte do IVA em relação à venda ou aluguel de imóveis. Entre eles:

  • Venda de mais de três imóveis no ano anterior, adquiridos há menos de cinco anos;
  • Venda de mais de um imóvel no ano anterior, construído pelo próprio vendedor nos últimos cinco anos;
  • Aluguel de mais de três imóveis, com receita anual acima de R$ 240 mil.

 

Incentivos fiscais para o setor imobiliário

Apesar do aumento na carga tributária, a reforma também traz benefícios para o mercado, como:

  • Elevação do redutor social do aluguel, de R$ 400 para R$ 600, favorecendo locações populares;
  • Redução de tributos, com diminuição de 70% para locação de imóveis e 50% em outras operações imobiliárias;
  • Incidência de tributos na intermediação de imóveis, como o pagamento de corretagem.

Essas alterações, apesar de complexas, visam equilibrar as demandas fiscais com incentivos estratégicos ao setor. 

Empresários e investidores precisarão se preparar para adaptar suas operações e aproveitar os novos benefícios de forma eficaz.

 

Como a Reforma Tributária pode prejudicar o Mercado Imobiliário?

A proposta da Reforma Tributária tem gerado a apreensão entre os empresários do mercado imobiliário e entidades representativas do setor. 

Além de promover mudanças significativas no regime de tributação, a reforma ameaça encarecer operações essenciais, como construção, compra, venda e aluguel de imóveis. 

O impacto pode ser severo não apenas para empresas, mas também para consumidores e para o próprio mercado habitacional no Brasil.

 

Elevação da carga tributária e complexidade

Com a inclusão do setor no sistema de Imposto sobre Valor Agregado (IVA), a carga tributária pode subir expressivamente. 

Mesmo com redutores aplicáveis, como o de 60% para o segmento de locação, a tributação geral ainda representará um aumento considerável nos custos. 

Para o setor habitacional, por exemplo, a elevação comprometerá as margens de lucro e poderá reduzir a oferta de imóveis. 

Além disso, a unificação de tributos, embora prometida como simplificação, traz complexidades que exigirão maior suporte jurídico e contábil, aumentando os custos operacionais.

 

Impactos no financiamento e na acessibilidade

A incerteza gerada pela reforma também afeta compradores. 

Oscilações nos valores das parcelas de financiamentos habitacionais e dificuldades na apuração dos valores de crédito elevam o risco financeiro e comprometem o acesso das famílias ao sonho da casa própria. 

A potencial extinção do Regime Especial de Tributação (RET), criado em 2004 para estimular a produção habitacional, é outro ponto crítico. 

Sem o RET, o setor perde um mecanismo que trouxe simplicidade e segurança jurídica, resultando em um retrocesso significativo.

 

Consequências econômicas mais amplas

A proposta atual pode desencadear uma série de problemas econômicos e sociais:

  • Aumento de disputas judiciais: a maior complexidade no sistema tributário tende a gerar divergências interpretativas e litígios entre empresas e o governo.
  • Empregos e PIB em risco: o setor imobiliário responde por 10% dos empregos e 7% do PIB brasileiro. Com menos projetos viáveis, poderá haver impacto no emprego e na economia.
  • Acesso à moradia comprometido: com o aumento dos custos, imóveis podem se tornar menos acessíveis, dificultando a realização do sonho da casa própria para milhões de brasileiros.

 

Mobilização do setor imobiliário

Diante desse cenário, o Secovi-SP, em parceria com outras entidades, tem atuado intensamente junto ao governo federal e parlamentares.

O objetivo é evitar que a reforma onere ainda mais o mercado de habitação e comprometa a acessibilidade de imóveis. 

As discussões buscam preservar um sistema tributário que combine simplicidade e segurança jurídica, além de garantir que o impacto sobre os preços seja minimizado.

Apesar dos pilares anunciados da reforma — simplificação e neutralidade —, a versão atual ainda está longe de cumprir essas promessas. 

Setores como habitação, lote urbanizado e locação estão entre os mais vulneráveis às mudanças propostas.

 

O ponto de vista do Governo sobre a Reforma Tributária

Do ponto de vista do Governo, a proposta da Reforma Tributária é defendida como uma medida equilibrada, que não trará aumento na tributação sobre imóveis. 

Segundo o governo, o foco está na redistribuição da carga tributária de maneira mais justa, com maior benefício para os imóveis populares e maior incidência para aqueles de alto padrão.

 

Principais pontos apresentados pelo governo

  • Imposto sobre o valor agregado: a tributação será aplicada apenas sobre a diferença entre o custo de venda e o valor do terreno, evitando a incidência sobre o imóvel como um todo.
  • Redutor social: para imóveis populares, haverá uma dedução de R$ 100 mil no valor tributado, visando minimizar o impacto sobre as famílias de menor renda.
  • Redução na alíquota: a alíquota efetiva será reduzida em 40%, correspondendo a cerca de 15,9% sobre o valor tributado.
  • Compensação de tributos: as incorporadoras poderão abater do imposto devido todos os tributos pagos durante a aquisição de materiais de construção e serviços.

 

Projeções e impactos estimados

O governo também apresentou estimativas para ilustrar os efeitos da reforma:

  • Imóveis populares: um imóvel novo avaliado em R$ 200 mil teria uma redução de custo de cerca de 3,5%, tornando-o mais acessível.
  • Imóveis de alto padrão: em contrapartida, imóveis avaliados em R$ 2 milhões poderiam ter um aumento de custo de aproximadamente 3,5%.

 

 

O governo argumenta que essas medidas contribuem para promover maior justiça fiscal, incentivando a produção e aquisição de habitações populares enquanto ajusta a tributação para imóveis de luxo.

 

Conclusão

 

Com tantas mudanças significativas propostas pela Reforma Tributária, é essencial que empresários, investidores e consumidores do mercado imobiliário fiquem atentos aos impactos no setor. 

A elevação da carga tributária em determinadas situações, as novas regras para aplicação do IVA e a possível extinção de regimes especiais, como o RET, destacam a importância de se preparar adequadamente para essa nova realidade.

Por outro lado, as medidas de incentivo, como os redutores tributários e a compensação de tributos, oferecem oportunidades para estratégias mais eficazes de adaptação ao novo cenário fiscal.

Diante das complexidades envolvidas, contar com uma consultoria especializada é fundamental para compreender as nuances das novas regras e mitigar riscos. 

Nossa equipe está à disposição para ajudar você ou sua empresa a navegar por essas mudanças, garantindo uma transição segura e eficiente.

Entre em contato e saiba como podemos apoiar você nesse momento decisivo!

 

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Caso ainda tenha algum questionamento sobre a Reforma Tributária ficamos à disposição para esclarecer suas dúvidas.

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Conte conosco e até a próxima!

 

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